Perdão?!

"Mário Soares promete levar para Belém irreverência da juventude".


Nas últimas semanas tenho ido a algumas entrevistas e provas de selecção, na tentativa de conseguir o 1º emprego. E tenho sempre algumas dificuldades em dizer porque é que a empresa X deve contratar-me. Agora já sei: é porque posso contribuir com a minha larga experiência.

À campeão

À Campeão foi o título da capa de "A Bola" e parece-me que é o mais indicado para o último FCP- Benfica.

Tenho memória de seguir a última vitória do Benfica em casa do FCP pela rádio. Tinha 11 anos. Sábado, novamente a seguir o jogo pela rádio, tive outra vez essa alegria que é vencer os "andrades" em sua própria casa. Isto, para quem não é benfiquista, pode parecer estranho. O porquê de tanta euforia. Mas é só porque não sabem o que é ver, ano após ano, o Benfica a ser impedido de discutir o resultado com FCP pelos árbitros. Nao digo que o Benfica vencesse todos esses embates. Mas pelo menos uns 3 ou 4 teria ganho de certeza.

Alguns exemplos de jogos que o Benfica poderia ter ganho são o de 93/94 (penalty inventado a favorecer o FCP, perto do fim do jogo), o de 97/98 (golo mal anulado ao Kandaurov), ou o do ano passado. Porém o jogo que mais me chocou até agora foi a do golo anulado ao Amaral (94/95), perto do fim do jogo num jogo a contar para a Supertaça (Donato Ramos foi o "artista convidado").


Fiquei ainda mais feliz por ter sido o Nuno Golos a marcar. Por uma simples razão: sou um defensor incondicional deste jogador e sempre que tenho de defendê-lo estou em minoria. Talvez agora as coisas mudem.

O Nuno foi sempre um jogador subvalorizado. Já na primeira passagem o tinha sido. Frequentemente ouvia que ele falhava muitos golos. Ora todos os bons avançados falham golos. Por exemplo lembro-me de ver os resumos dos jogos da Fiorentina (em 94/95) e era incrivel a quantidade de oportunidades desperdiçadas por Batistuta (incluindo penaltys). No entanto foi a sua melhor época. E o que eu ouvia é que esse sim é que era um bom avançado (mas ninguém ligava aos golos que Batigol falhava). O que eu penso é que um avançado não deve medir-se pelos golos que falha, mas pelos golos que marca, sendo que na primeira passagem pela Luz o "21" do Benfica marcou em média 20 golos por época (só no campeonato).

Já nesta segunda passagem, o que lhe aconteceu foi que teve muitas lesões, o que o obrigou a parar muitas vezes, normalmente quando estava em forma. Para além disso, o Benfica jogou poucas vezes no sistema em que o "21" mais rende (com 2 avançados).

Esta época, não só os problemas fisicos estão de parte, como tem outro avançado à frente, que lhe permitiu ter mais espaços, começando a marcar golos e consequentemente a ganhar confiança. Ao ver como foram por ele festejados os tentos no dragão (com grande tranquilidade, como se de um jogo particular se tratasse) deu para perceber que confiança é mesmo a palavra que o define, actualmente.

Neste momento o Nuno Gomes tem 90 golos pelo Benfica no campeonato, o que lhe dá o 9º lugar na história do clube. Para chegar ao 4º lugar faltam-lhe pouco mais de 60 golos (o top3 está reservado ao Pantera, ao José Águas e ao Néné). Tendo mais umas 4 épocas a um bom nível, penso que é uma meta que está ao seu alcance. Espero que até chegar a esse número, nunca mais seja assobiado na Luz, porque quando um jogador está mal, o pior que se pode fazer é assobiá-lo. No entanto se aplaudirem ele rapidamente voltará ao seu nível. No caso do Nuno Gomes, por muitos golos que tenha falhado na sua carreira, sempre foi um exemplo de esforço e dedicação e mesmo quando não marcava, fazia assistências, pelo que merece sempre esse apoio.

Automan

Automan foi mais uma das séries dos anos 80 em que o seu sucesso era proporcionado, em grande parte, pelas características do carro. Era um carro que virava a 90º sem desacelarar e fazia as ultrapassagens como nunca nenhum outro carro fez, na história da TV (vocês sabem do que eu estou a falar).

Tudo começa quando um "computer nerd" inventa um programa informático que cria o Automan, um computador com inteligência artificial, que quando tem acesso a suficiente energia materializa-se e tem a aparência de um homem normal. O que só acontecia de noite, porque era quando o consumo de energia diminuia. Para não levantar suspeitas, ele adopta a identidade de "Agente Man".

O Automan tinha como objectivo combater o crime, sendo ajudado não só pelo "computer nerd", mas também por um estranho ponto luminoso que, se não me engano, conseguia materializar-se em qualquer coisa que desenhasse (penso que era também o carro).

A série, infelizmente, só teve 13 epsódios e isso talvez explique o porquê de lembrar-me tão pouco dela (isso e o facto de ser muito puto).


P.S. MUITO IMPORTANTE: Vejam só este link

Gado Vs Robots

Nesta semana tive o privilégio de usar o metro por volta das 8:00/8:30 da manhã. Eu estou bastante habituado a usar esse meio de transporte, mas só o faço esporadicamente e fujo às horas de ponta (da tarde). Mas às vezes não as consigo evitar, por isso já tinha uma visão bastante clara da confusão que é a essa hora. Ora mesmo esse conhecimento não me preparou para o que eu vi, na estação de metro do Cais do Sodré, nesta semana. Passo pelas portas automáticas, e quando chego ao início das escadas vejo uma "manada" de gente lá em baixo à espera, estando também "gigabytes" de gente a descer as escadas.

Quando chegou o metro (estava ainda a descer as escadas), comecei a procurar uma carruagem em que conseguisse entrar e fui andado até práticamente à última. Em pouco tempo estavam todas as carruagens apinhadas. Nem conseguia espaço para me segurar, tive que confiar nos meus dotes de surfista quando começamos a andar (sendo que nunca toquei numa prancha de surf).

Felizmente tinha de sair na estação seguinte para mudar de linha (Baixa/Chiado). Mas não era só eu, era para aí metade na "manada". Como até tinha bastante tempo para o meu compromisso fui andando calmamente e voltei a fazer uma coisa que já tinha feito. Andei relativamente devagar e fui observando as pessoas. E surgiu-me a pergunta "como é possível fazer isto todos os dias?". É possivel ser feliz assim? Esta dúvida surgiu-me porque eu tinha uma prova de selecção, naquela manhã e estava com dificuldades em aceitar que tivesse necessidade de fazer este percurso todos os dias. Não tanto pelo tempo que demorou desde minha casa (foram 35 minutos), mas pelas condições: 1 autocarro, 1 comboio, metro (com mudandça de linha). Sempre a correr, sempre em manada e, o pior, engravatado, ou seja com coleira.

Eu observei muitas pessoas e não vi diferença entre a cara delas antes de chegar ao emprego e as que via quando saem. Tanto numa como noutra situação, estão todos com cara de poucos amigos (cansados), o que é normal: acordam cedo, stress e desconforto para chegar ao emprego, trabalham o dia todo, e stress e desconforto para voltar a casa.

O ser humano tem uma grande capacidade de adaptação e acaba por habituar-se a tudo. Mas eu prefiro não me conformar em pertencer à "manada". Nem nunca tive o sonho de ser um Robot. Para início de carreira, vou ter de me sujeitar (se for preciso), mas vou procurar outra qualidade de vida, nem que seja fora de Lisboa.



P.S. Eu sei que não descobri a pólvora. Mas uma coisa é saber que ela existe, outra é vê-la. bem como os seus efeitos.